Cerca de 53% da população adulta em Portugal tem excesso de peso, havendo em Portugal cerca 1,5 milhões de Portugueses Obesos. Os doentes com excesso de peso e obesidade apresentam tradicionalmente, nos estudos científicos, menor qualidade de vida. O estudo da Qualidade de Vida no contexto da Obesidade inclui dimensões como a qualidade de vida diretamente relacionada com o peso em si e as construções psicológicas do indivíduo como a imagem corporal que têm de si próprios e a função sexual.
Desta forma, sabe-se hoje que a obesidade tem impacto negativo na função sexual dos indivíduos condicionando disfunção sexual e diminuição da sua qualidade de vida. Este impacto é mais prevalente nos doentes do sexo feminino.
É também no sexo feminino que a prevalência de disfunção sexual é maior. Calcula-se que a prevalência desta disfunção em Portugal se situe entre os 40 e os 70% e inclui alterações no desejo sexual, no desenvolvimento do processo de excitação, na capacidade de atingir o orgasmo ou perturbações dolorosas no ato sexual.
A obesidade interfere com a função sexual através de 3 vias: por efeito direto do tecido adiposo na resposta sexual (condicionando défice de androgénios no homem e hiperandrogenismo na mulher), pelo impacto das co-morbilidades habitualmente associadas à obesidade como Diabetes Mellitus tipo 2, Hipertensão Arterial e Depressão (disfunção eretil, insulinoresistência, alterações tróficas vaginais, alterações da microcirculação, anedonismo, etc) assim como o efeito directo dos fármacos usados para essas co-morbilidades que têm impacto direto no desejo sexual e performance, e por fim por influência de variáveis psicológicas relevantes (preocupações com imagem corporal, baixa auto estima, relutância na exposição corporal no espaço íntimo, etc)
Os estudos realizados em doentes com excesso de peso e obesidade que perderam peso evidenciam que a perda de peso melhora a saúde sexual dos indivíduos. Esta melhoria é habitualmente mais significativa nos doentes do sexo feminino.
Quando questionados sobre a sua saúde sexual os doentes, após a perda de peso, relatam relações sexuais mais satisfatórias, aumento do desejo sexual, aumento da frequência de orgasmos, melhoria da lubrificação e melhoria da qualidade de vida. Ainda que se possa explicar uma parte da melhoria da saúde sexual através da quantificação dos níveis das hormonas sexuais, existe ainda uma parte desta melhoria que é desconhecida .
Os profissionais de saúde devem hoje saber abordar os doentes com excesso de peso e obesidade de forma holística. Acompanhando-os na sua perda de peso nas várias dimensões da sua vida. Sempre com a perspectiva de que o doente atinja o seu peso ideal e o possa manter para desta forma melhorar a sua saúde física, mental, social melhorando a sua qualidade de vida de forma global.